Joelhos em Pescoços

Todos os dias
Pessoas negras morrem.
Quanto a isso,
Já não surpreende.

Surpreende o silêncio
Quando pessoas são sufocadas
Pisadas
Espancadas
Agredidas
Até que o carrasco
Em nome da Lei e da Ordem
Extermine
Ou - veja que complacente -
Apenas intimide
Quem nada fez,
Apenas pecou
Por ter nascido com a cor
Que não é a do patrão ou presidente.

É a cor do indigente,
Das presas do turismo sexual,
A cor dos detentos nas cadeias lotadas
Sem esperança
Justiça
Ou oportunidades.

É pra negar essa cor
Que muita gente minimiza
Joelhos em pescoços,
E diz que é exagero
Uma palavra de ordem.

E é por essa cor
Que o Brasil tem dado seus passos
Construindo o futuro nesse instante,
Mão de obra antes escrava,
Agora escrava ou errante,
Mas sempre confiante
Que a vida vai melhorar.

Não me venha com essas conversas
De que negro é minoria.
Olhe bem pro seu lado,
Busque a genealogia,
Deixe de criticarr quem luta
Falando que é mimimi.
Tire a bunda da cadeira,
Pois a vida não é brincadeira
E o camburão vem logo ali.

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