Lama

Olhos em direção ao teto...
O dia nasceu, mas insisto em ficar deitado.
Vagas lembranças se sobrepõem.
Fico calado enquanto lá fora
Carros e pessoas perdem a calma.

Penso naqueles olhos que vi
Há tempos
Nos quais procurei respostas
Mas sempre encontrei amargura,
Prepotência, orgulho,
Dissimulados faróis de tua alma.

Não gosto de lembrar dos cabelos pretos
Com  cachos definidos e incontestes,
Pois as mentiras assomam e afagam
Todas as velhas lembranças que me assomam.

Não gosto de lembrar
O quão ingênuo já fui por te querer
E quantos versos de amor já gravei
Em papéis e paredes com teu nome,
Infeliz embasbacado e desiludido
Nas vagas horas da noite,
Com o gosto da derrota claro
Observando a lua minguar num céu
Mais escuro
Como o amor que um dia te dei,
Até que aterrado na lama,
Lá o deixei e segui à procura do sol.


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