Retalhos

O frio invade a casa.
Portas e janelas fechadas.
Poucas e esparsas goteiras.
A noite e o dia parecem iguais...
Sussurro teu nome no escuro
Ciente que - longe daqui-
Nunca sentirá o desespero da minha voz.

E vou observando as casas, a rua, as multidões.
Tudo tão seco e igual.
Talvez estivesse adormecido sem perceber
Ou vi qualidades esquecidas nas pessoas
Enquanto caminhava vagamente despreocupado,
Talvez à margem da tua presença
Ou no silêncio quase voraz dessa casa.

Nada disso importa- pois basta a noite chegar
Olho o teu número de telefone,
Ocorre a ideia de te ligar.
Logo me dissuado...
Tudo o que pareceu sobrar,
Na tua voz e talvez também no olhar
Foi o ódio.
E eu não quero alimentar isso.

Queria recomeçar mais forte...
Mas vejo meus sentimentos fluídos
Sólidos com a tua distância,
Querendo transbordar líquidos de dor
Mas recuam, pois eu e eles
Sabemos bem
Que você quer se esquecer de nós.
Não deseja falar.
Talvez até me esquecer.
Não pode- ainda ou pra sempre - me perdoar.

E não posso invadir teu espaço,
Te obrigar a me entender.
No fim das contas,
Eu construí esses erros,
E por eles sinto dor,
Mas olho pro céu e percebo
Quão indefinida é a vida
E tão certo como isso
É o medo de amar -o qual dói bem mais do que viver.

Não me importa que esses versos chorem, gritem ou esperneiem.
Já basta o que eles me trazem.
Já bastam os sonhos rasgados
Sem terem sido compartilhados.
Já basta essa dor que aqui guardo.
Já basta a saudade do teu cheiro na minha memória...

São Luís,  27 de fevereiro de 2019.

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