Ninguém solta o quê?
"Ninguém solta a mão de ninguém."
Na prática, ninguém sequer encostou uma na outra.
Todos procuram se promover,
Buscando respostas simples
Frente à Hidra, que só cresce...
Não é desmerecendo o outro
Que encontraremos o caminho.
Nossos inimigos riem da gente.
Comemoram as fraturas,
Apoiam em silêncio a divisão.
Os negros, mulheres e índios.
Gays, lésbicas, bis e trans
Também sofrem neste país.
Pessoas pobres, com parcos salários,
Convivendo com a miséria e o caos
Morrem aos montes todos os dias.
O que impede a unidade, afinal?
A incapacidade de respeitar o outro
Ou de baixar a guarda e ver
Que ele é tão importante quanto eu?
De sentir o que ele sente, dialogar, perceber...
O sistema se alimenta da dispersão automática
Que intelectuais e lideres iluminados
Promovem em conluio com as mídias
Jurando lutar por uma causa,
Mas posando de heróis,
Quando sabemos que não existem.
Somos mesquinhos e achamos
Que a Venezuela está perdida.
Se lá vivêssemos, a nossa mesmice faria
De lá o mesmo caos que vemos agora.
Ainda não entendemos que nossos inimigos
Forjam as rivalidades que alimentamos
Com os nossos possíveis aliados.
Essa é a juventude que quer mudar o país,
Mas precisa olhar o próprio umbigo
E construir o que ainda não existe
Em todos nós: empatia - o real medo que eles tem.