Recortes

O mar desafoga, manso e presente,
Às dezoito horas, quando o dia se esconde da gente.

O vento sopra sem medo ou inconstância.
Deixo ele tocar o meu corpo,
Transpiro sensações e medos
Ao longo desse toque.

As idéias se cruzam, as palavras também.
As certezas se calam, e contemplam
A passagem do tempo,
Inflexível contendor de emoções
E sentimentos.

Onde está a musa que encanta com os olhos vivos,
Que se afasta com palavras,
Mas acompanha o cotidiano?
Não o sei, mas evito infortúnios
De fazê-la cansar
Com subjetivas palavras
E mais ainda - os gestos.

Não há flor ou espinho
Que me faça compreender
Onde ela entrou no caminho
Da minha história de curvas,
Se numa noite em silêncio
Ou no meio da multidão.

Só importa o quanto ela assombra
O tempo e modula a história
Com sua força e coragem,
Transformando o destino,
E escrevendo no mundo
Ainda só - e indiferente
Velhos sonhos para uma nova história.

Não a peço o que está fora dela.
Nem assomo em algum lugar onde esteja para criar um cotidiano.
Basta ela existir;
E isso me deixa calmo,
Sem pressa ou medo,
Evitando um corte profundo,
Buscando no mundo
O novo outra vez.

Postagens mais visitadas