Á beira mar
À beira mar,
Admirei taciturno o verde barrento
Do encontro das águas.
Andei sozinho, caminhei sereno
Enquanto a saudade em doses profundas
Trouxe ao momento a leve sensação
Das certezas que não tenho
Nesse dia calmo e morno.
Adivinho no descompasso das horas
As calmas e sutis passagens
Do tempo imponderável...
Ouço na transição crepuscular
Palavras distantes dos sonhos
Que ainda não pensei para nós.
Sigo tranquilo, enquanto difuso
O tempo galopa a trote curto,
E a saudade expande em meio
Ao silêncio da tarde fagueira
E dos sonhos mais límpidos.