A Torrente

A chuva lava as mágoas
Que um dia deixei na janela,
Quando não havia alternativa
E o sol passeava ligeiro.

As horas do fim da manhã
Em que a chuva se faz mais forte,
Entorpecem os medos de outrora,
Consolidam caminhos nas nuvens.
Distraem do acaso e das palavras
Que fogem como mãos passageiras.

É o mês que começa cinzento
Como o lodo no mangue,
E traz no simples horizonte
O concreto momento com abstratos sentidos.

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