A Tempestade
A tempestade da manhã
Molhou os pés cansados.
Desiludidos passos nas ruas estreitas
Buscaram os modos mais sintéticos e puros.
Segui cantando na calçada imunda,
Em que a lama se confunde ao concreto nu,
E a água empurrou todas as mágoas
Para um velho poço de solidão.
Não pude correr em meio à chuva.
Apenas senti nos meus passos temerosos
Uma vaga incerteza do que vem amanhã,
Quando hoje me assusta o caos em silêncio,
Sereno tormento para o meu querer.