Mundo(s)

Em silêncio, observo o dia que finda.
Incontáveis erros afastam-se em meio
Aos distantes e contidos gestos,
Meu constante e insensível modo de ser.

Vejo a grama em contato com o frio
Dessa noite que anuncia o orvalho próximo.
E vê: a lua se põe incompleta a rondar 
Este céu violeta...

Vejo as ruas escuras e sujas
Onde ratos confundem-se aos pés
De pessoas dispersas no entulho,
Desterrados em meio às drogas.

Ouço gritos distantes de dor,
Foguetes, tiros... E um silêncio
Repentino. Código de silêncio
A ser cumprido. Palavras esquecidas.

Igrejas tão próximas, esquecidas do povo
Que está ao seu redor, fazem barulho:
Mas - realmente - a quem falam?
O silêncio talvez ajude a descobrir.

Nesse panorama, busco a contemplação
Do meu mundo - resquício
De tudo que me inspira,
Reforço dos meus propósitos.

São Luís, 04 de agosto de 2017.


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