Incerto

 Às vezes viajo em ferry boats. Quase sempre, sozinho. E vejo tanta gente ao meu redor, mas - simplesmente - são todos desconhecidos. Tenho medo do mar. Olho para os lados, não posso dividir meus receios com gente que não muda em nenhum aspecto o que sou. Se bem que...
Certos detalhes me deixam absorto. De longe vejo famílias se despedindo, pais que ficam no continentes, filhos que seguem rumo ao arquipélago. Momentos de carícias, abraços, prenúncios de uma saudade ainda não presente.
E me observo em silêncio. Poucas vezes solto o que sinto, apenas entrego fagulhas do que há em mim para as pessoas que realmente amo. Será que é certo? Ou simplesmente eu não saiba exatamente como sentir,  me expressar, não aprendi a ter essa entrega. Raramente, digo eu te amo.
O que é o amor? Não sei dizer. E assim os dias passam, e meu silencio esconde as minhas incertezas mais cruéis.

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